Otite Externa

Dentre as patologias auditivas, a otite externa representa a afecção de maior prevalência, é geralmente definida como inflamação do canal externo do ouvido que envolve a parte proximal da pina, estima-se que a otite externa está afetando de 5 a 20% da população canina, e 2 a 6% da população felina. Otites representam 8 a 15% dos casos atendidos na prática clínica veterinária no Brasil, e a otite externa crônica (OEC) corresponde até 76,7% dos casos de otopatias em cães. O ouvido externo compreende ao pavilhão auricular (orelha), meato acústico externo – também chamado de canal auditivo externo – e ao tímpano, uma membrana delgada que separa o ouvido externo do médio. A gravidade da otite é determinada através do local do ouvido onde ocorre à inflamação, e essa enfermidade pode ser conceituada como inflamação, aguda ou crônica, do meato acústico externo com o envolvimento de diferentes agentes etiológicos e fatores predisponentes e perpetuantes.

De certo você já viu um cão coçando o ouvido, sacudindo a cabeça e até chorando ao coçar a orelha, e quando foi olhar encontrou a produção de uma cera de coloração alterada e em excesso, coceira descontrolada, cheiro forte e dor causando desconforto para o seu animal. Em alguns casos, devido ao ato de coçar, ocorrem hematomas, dermatites e abrasões. Em inflamações persistentes o canal auditivo se torna espessado e endurecido e, se não for tratado convenientemente, pode ficar totalmente ocluso, tornando quase impossível a sua recuperação.

Possui etiologia multifatorial, sendo isolados vários agentes no conduto. A limpeza inadequada está incluída nos fatores predisponentes, que representam riscos para o desenvolvimento da otite externa.

Raças de cães com orelhas pendulares ou com excesso de pelos no pavilhão auricular tem maior predisposição às otites. De acordo com alguns estudos sabe-se que algumas raças de cães são predispostas a otites como: Cocker Spaniel, Retriever do Labrador, Golden Retriever, Dachshund, Pastor Alemão, Bulldog Inglês, Bulldog Francês, Cavalier King Charles Spaniel, Setter Irlandês e Basset Hound. Não há estudos que comprovem predileção por sexo e idade.

A otite externa é um dos mais frustrantes problemas tanto para os veterinários quanto para os proprietários. Há casos de otites crônicas irreversíveis, onde infelizmente a única opção de tratamento é a realização de uma ablação do conduto auditivo.

A frustração é normalmente decorrente da cronicidade do quadro, do baixo conhecimento da patogenia da doença e das expectativas errôneas dos procedimentos, diagnóstico e tratamento. Portanto, o conhecimento detalhado da doença permite diagnósticos mais precisos, tratamentos mais apropriados e a habilidade de identificação da verdadeira causa do quadro clínico, permitindo o sucesso do tratamento.

A eficiência do tratamento das otites depende primeiramente da cooperação do proprietário do animal, pois a correta limpeza do ouvido e aplicação do medicamento escolhido é determinante para o sucesso do tratamento uma vez que ouvidos cheios de secreção impedem que os medicamentos atinjam a superfície da pele, prejudicando sua eficácia.

Em cães é muito comum observar casos de otites que não são diagnosticadas ou tratadas corretamente, podendo levá-los à surdez e, ainda, a alterações de postura e comportamento, como andar em círculos e a presença de estenose dos condutos auditivos.

Sendo assim, o animal que apresente algum dos sintomas acima deve ser levado ao médico veterinário, para que todos os aspectos sejam considerados e o tratamento adequado seja prescrito. Com isso, as chances de sucesso serão maiores.